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terça-feira, janeiro 17, 2012

Há mais de 30 anos Manoel Lopes é sinônimo de solidariedade no Rio Grande do Norte.
Por Paulo Nascimento //paulonascimento.rn@dabr.com.br -  Diário de Natal



Vindo das terras de Além-Mar, da pequena cidade de Póvoa de Varzim, onde também nasceu o escritor Eça de Queirós, o português Manoel Lopes da Silva trouxe consigo o sentimento de solidariedade que há mais de 30 anos tornou-se exemplo no que é relacionado à ajuda ao próximo. Fundador do que hoje é uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas de todo o Rio Grande do Norte, o Armazém da Caridade, Manoel Lopes hoje é tão potiguar quanto português, após ter aportado em São Paulo vindo de Portugal em março de 1953, quando tinha 19 anos. Antes de encontrar-se com dois afluentes do mesmo rio que hoje é sua vida - o espiritismo e o trabalho de caridade - e que corre pelas terras potiguares, Manoel trabalhou por pouco mais de 25 anos nas mais diversas empresas em São Paulo, desde a Companhia Nitro Química Brasileira até a Editora Abril, chegando a ser fundador de jornais comunitários e funcionário da Fundação Cásper Líbero- uma das empresas de comunicação mais respeitadas do país.


E foi através da editora, a qual é ligado de 1960 até os dias de hoje, que Manoel aportou em Natal, no ano de 1980. O garoto que nasceu em família abastada, mas viu o pai ter que pedir esmolas no fim da vida e terminou adotado por um sargento do Exército Português, chegava na capital do Rio Grande do Norte bem estabilizado e já com trabalhos de caridade, ligados a doutrina espírita, da qual tornou-se adepto em 1975. "Recebi de presente de aniversário um livro espírita chamado 'Memórias de um Suicida', o qual estou inclusive relendo. Achei estranho o título, ainda mais por ser um presente. Questionei o porquê do presente e o rapaz afirmou que pensava que eu era espírita, por minhas ações, meu jeito de viver e de estar sempre disponível para ajudar. Assim, entrei na doutrina a partir desta leitura", descreve Manoel. Hoje, ele é considerado como um dos grandes palestrantes espíritas, ofertando palestras tanto no Brasil como em Portugal. Em Natal, Manoelcriou o Centro Espírita André Luiz, que até hoje é ligado ao Armazém da Caridade, considerado pelo próprio a sua grande obra.


Antes de chegar ao que hoje é uma das maiores instituições filantrópicas com atuação em solo potiguar, o caminho percorrido por Manoel foi longo. Um ano após a chegada em Natal, o português-natalense - que oficialmente é cidadão da capital potiguar desde 1988 - participou da fundação e foi o primeiro administrador do Lar Espírita da Vovozinha, que funciona até hoje no bairro de Dix-sept Rosado. "No dia 25 de dezembro de 1981, eu, a minha esposa Nilza e Antenor da Silva Melo fizemos a inauguração do lar, que até hoje atende as senhoras. Atualmente são 44 na casa", conta o filantropo. 


Logo após, ainda na década de 1980, Manoel abriu no bairro das Quintas, na Zona Oeste, o Centro Espírita André Luiz. E é por ali que tem início a relação mais próxima de Manoel com os trabalhos de caridade. Com a ajuda de vários integrantes, o centro passou a entregar cestas básicas para famílias carentese a promover visita aos presos da carceragem da antiga sede da Delegacia de Furtos e Roubos (Defur), na Ribeira. Foram dois anos levando a cada sábado 80 litros de sopa, 100 pães e curativos para os apenados. "Depois que a Defur mudou-se passamos a fazer visitas a pessoas internadas no (Hospital Universitário) Onofre Lopes que não tinham acompanhantes. Levávamos um diálogo fraterno e carinho para as pessoas. E, como lembrança, deixávamos uma maçã para cada um. Vale salientar que nunca, em nenhum dos nossos trabalhos, era divulgada a doutrina espírita. Não ousamos fazer proselitismo e respeitamos todas as religiões", comenta ele.


"Caridade não tem religião"


Foto: Eduardo Maia/DN/D.A Press
Após estes anos de trabalhos voluntários de caridade, Manoel despertou para a realização de uma obra maior. Era chegado o momento de ousar e buscar algo mais alto. Surge então a ideia do Armazém da Caridade. "A caridade não tem religião. Infelizmente ainda temos uma intolerância religiosa, um certo preconceito com o espiritismo. Por isso, o nome é apenas Armazém da Caridadade, sem nenhuma referência a doutrina. A ideia de abrir esta instituição veio de uma intuição minha e penso que foi influenciada pelo meu pai, que teve de pedir esmolas em Portugal", explica o diretor da instituição. Aos poucos, Manoel foi acalentando o ideal de lançar a instituição e contou com um forte apoio: a Loja Maçônica Hegésippo Reis de Oliveira. Foi através da ajuda dos maçons que o armazém pode ser colocado de pé, em 1995. "A construção deste prédio de 1200 m² foi totalmente bancada pela loja maçônica, em um terreno doado pela prefeitura. Alguns chegaram a dizer que era grande demais, respondia que era grande para quem pensa pequeno. Não sabia o futuro do Armazém, mas sabia que iria ser feito, pois quando o servidor está pronto o trabalho aparece", relembra ele. O trabalho, que começou com campanhas de rua de arrecadação de alimentos de porta em porta, aflorou três anos após, na grande seca de 1998. "Ali sentimos que, com o apoio de todos, imprensa, população, do Exército Brasileiro e de empresas privadas, especialmente as redes de supermercado, o trabalho do Armazém da Caridade era reconhecido por sua credibilidade", destaca Manoel.

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